Descrição
Quantas vezes não temos a desalentadora sensação de estarmos à superfície da vida?
Caminhamos num mundo hermético, distanciados de tudo através de cascas quase que impenetráveis.
Abandonamos a capacidade de esmiuçar o que vivemos. Nossa rotina cria um alheamento, fazendo com que surja uma carapaça em cada coisa que nos cerca, desobrigando as interações.
Ao mesmo tempo também nos ensimesmamos. Fechamo-nos num envoltório próprio, de natureza semelhante ao que nos rodeia e isola.
É fundamental o aprofundamento além da turbidez cotidiana.
É descascando o tecido morto que se descobre o etéreo, o intangível.
Por baixo da casca a vida tem outro nome: poesia.