Onde as Moscas Dormem – E-book Kindle
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Um zumbido. O vibrar. Os globos oculares que voavam da luz de uma tela para a outra não perceberam a grande teia nas janelas abertas. Agora é apenas mais uma, entre tantas outras, que não foram e não voltaram; que permanecem onde não é dentro, nem fora, entre o acordar e o dormir, a realidade e o sonhar, o estar e o não estar. Os dedos se movendo rapidamente dão a ilusão de serem as prisioneiras quem constroem a própria prisão. Mas elas não tecem, se enroscam. Quanto mais demonstram lutar pela liberdade, mais dependem da condenação. As milhares de telas em seus olhos lhes dão uma visão mais completa, mas também mais complexa. Talvez por esse motivo suas pernas se movam involuntariamente. Ansiedade. Pelo que ansiavam quando foram em direção à janela? Mais que ansiar, elas desejavam. Desejavam atravessá-la. Desejavam ter mais que milhões de telas em seus olhos. Desejavam ver além. Desejavam mais que uma teia, uma comunidade; mais do que a possibilidade da ilusão, o acesso à verdade; mais que o julgamento, o direito à expressão; mais do que sociedade de mercado, o mercado da colaboração. Mais do que informação, conhecimento. Mais do que distração, possibilidades. Ansiosas, já não sabem o que desejam. Despertas, já não sabem que dormem.