Descrição
A obra Sobrinho-Neto da Guerra é construída em cima da Guerra de Canudos, que foi a mais sangrenta guerra que houve no Brasil. As investidas do exército sobre Belo Monte (Canudos) causaram a morte de mais de vinte e cinco mil pessoas, entre sertanejos (em sua maioria) e soldados. Imortalizada em clássicos como Os sertões, de Euclides da Cunha, e A guerra do fim do mundo, de Mario Vargas Llosa, agora, em Sobrinho-neto da Guerra, Canudos volta a ser assunto nesse romance de Alexandre Azevedo.
Tendo como um dos narradores Tenentiotônio Clemente, um aficionado por histórias de guerras, vai contando o que viu e ouviu sobre a guerra de Canudos. Convocado para integrar a quarta expedição, sente orgulho de ser militar, mas nutre uma admiração ainda maior por Antônio Conselheiro e sua gente. Ao mesmo tempo vai desvendando o mistério que cerca a origem de seu sobrinho-neto, José Clemente. Numa linguagem em que notamos a presença de Guimarães Rosa e José Saramago, o romance não dá trégua ao leitor. Do mesmo jeito que os sertanejos do Conselheiro não deram aos republicanos.
O relógio da saudade / anda batendo nas
horas / só quem não ama não sente /
quando meu bem vai embora. / Quando
meu bem me visita / se estou doente e
melhoro / repito a mesma doença /
quando meu bem vai embora. / Minuto
se parece hora / hora se parece dia / dia
se parece ano / quando meu bem vai
embora
– Segundo Zefa Maciel, parente de
Antônio Conselheiro, em depoimento ao
documentário de Antônio Olavo – Paixão
e Guerra no sertão de Canudos, 1993 –
esse é um dos seus poemas.
Esse romance é em homenagem aos 120 anos da obra Os sertões (1902-2022), de Euclides da Cunha.